O cinema perdeu Harold Ramis. Ator, diretor e roteirista, Ramis sabia fazer comédia mais por trás das câmeras do que na frente. Como ator era uma simpática presença em cena, como em Os Caça-Fantasmas. Mas é como diretor das mais divertidas comédias que será lembrado. Seus filmes costumavam esgotar todas as piadas e mostrar todas as situações engraçadas possíveis de cada tema, sem deixar nada de fora. Em Feitiço do Tempo, Ramis explorou à exaustão tudo que poderia acontecer se o tempo parasse num mesmo dia. Esperto, ambientou o filme durante uma festa típica americana, o dia da marmota. Um arrogante repórter vivido com exatidão por Bill Murray acaba ficando preso neste dia (sempre que acorda é o dia da marmota, de novo e de novo). Nem se matar ele consegue, o dia seguinte é sempre o dia da marmota. Inteligente, fez também Eu, Minha Mulher e Minhas Cópias com Michael Keaton (vivendo um marido que tem infinitas tarefas e por isso aproveita a oportunidade para criar seus três clones). O filme acaba provando de um jeito engraçado que clonar-se não dá certo mesmo. Em A Máfia no Divã, o eterno chefão Robert De Niro tem a oportunidade de mostrar a única faceta de um mafioso que ainda permanecia inédita: a engraçada. Suas cenas com Billy Cristal são simplesmente de cair da cadeira de tanto rir. E por fim, revelou-se de uma sagacidade à toda prova no engraçadíssimo: Endiabrado, com a maravilhosa Elizabeth Hurley no papel do próprio diabo, tentando ajudar (mas não muito) o atrapalhado Brendan Fraser a conquistar o amor de uma linda mulher. Além de muito engraçado, o filme tem um andamento diferente do que já estamos acostumados e um final emocionante, provando que o amor é maior que tudo e que a tudo vence. Ramis cumpriu sua parte neste planeta ao nos divertir a valer com seus filmes despretenciosos, sinceros e de certa maneira, emocionantes, o que certamente lhe garantirá um lugar ao lado de John Belushi, John Candy, Phil Hartman e outros grandes gênios da comédia. Valeu Harold Ramis.
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